Terça, 20 de Julho de 2k6
Desta vez, para não sair do padrão, estou me sentindo mal, ainda preciso me lembrar de antes de findar meus dias escrever uma autobiografia ou uma Ode a vida monótona e chata.
Meus temores já estão começando a tomar forma no horizonte, a empreza que trabalho, que já não vem bem das pernas há alguns meses, parece que vai finalmente terminar, existe a possibilidade de meu chefe migrar o escritório para a casa dele, mas.... Não creio que isso vá dar muito certo, afinal, eu não lembro de nenhuma profissão louvável que trabalhe bem nessas condições, se é que me fiz entender.
Sabe, é até engraçado, de todos os meus empregos fixos ( e até alguns temporários ) creio que somente 1 se mantém em atividade, mas não sem antes praticamente falir. É a minha boa e velha sorte funcionando de novo.
É claro, isso somado com o vestibular na semana que vem, a viagem pra são Paulo que eu queria fazer, mas não tenho grana, a situação complicada do namoro a distancia e a falta de perspectiva somada com meus outros problemas, me causam um mal humor dos infernos, bem como uma depressão monumental.
Minha mãe me falou que depressão é falta de Deus, o que me levaria a crer que mais da metade do mundo deveria então estar deprimida, todos os árabes e budistas e cia ltda, realmente o argumento de minha mãe é fraco, como quase todos os outros.
Pessoalmente não gostaria de contar para a Gi tudo isso, queria eu mesmo resolver e não importuná-la com mais problemas alem dos que ela já tem que lidar, mas sei que ela é uma das poucas pessoas que lêem isso aqui ( se não for a única ) mas segundo o que ela me disse, é melhor eu escrever, quem sabe minha cabeça comece a doer menos e meu estomago fique com vergonha e também coopere, afinal já vomitei tudo que tinha dentro dele mesmo ( é um porre mas sempre que fico nervoso ao extremo isso acontece... heh ) .
Bom, a vida não é só coisas ruins né? Afinal eu terminei de ler o ótimo “Guia dos Mochileiros das Galáxias” adorei, melhor dinheiro investido em um livro até agora, se não me engano, eu estava pensando em comprar na AF o Deuses Americanos ou o Anansi Boys, do Neil Gaiman, mas como muito provavelmente não vá, fica pra uma outra ocasião.
O winamp ao menos está do meu lado, tocando só musicas que gosto, melhor fechá-lo antes que comece a tocar algo mais depressivo.
Sábado passado eu fiz algo divertido, enquanto estava me encaminhando para a casa de um cliente, onde iria fazer um extra, fiz uma caminhada de mais ou menos meia hora pelo bairro que freqüentava muito em minha adolescência, passando em lugares que me trazem lembranças, boas e más, exorcizando alguns demônios pessoais e quiçá alguns anjos também, porque não?É muito peculiar como as coisas mudam mas em síntese continuam as mesmas, a aparência geral do bairro mudou, mas os pontos chaves, terminações nervosas, se mantém inalterados.
A casa de uma ex-amiga muito especial por exemplo, só mudou de cor, depois preciso acrescentar isso ao banco de dado na seção “ os sul matogrossenses adoram pintar suas edificações “ , engraçado é que ela estava lá em frente, um costume interiorano daqui é ficar em frente sua residência ingerindo um suco de uma planta peculiar junto com os amigos, estavam ela , o primo dela, e mais umas pessoas, das quais reconheci uns quatro, e que por revés da sorte não me reconheceram.
Previsível não me reconhecerem, estou com a barba por fazer, algo que antigamente não era comum, afinal só fui ter barba no segundo grau, roupas frouxas, antigamente eu costumava usar mais meu numero, e uma mochila , em outras épocas eu odiava carregar qualquer tipo de coisa.
Mas confesso que não fiz esforço nenhum para ser reconhecido, nem para contrario.
Na volta do meu serviço extra passei pelos mesmos lugares, afinal não gosto de me desviar muito de caminhos já conhecidos, e eles ainda estavam lá, dessa vez jogando volley na rua, e como eu fui atravessar pelo pseudo-campo deles eu acenei com a cabeça, mas sem esboçar emoções, como é de meu feitio. Alguns responderam mas creio que mesmo assim não me reconheceram, quando já estava a mais ou menos meia quadra de distancia ouvi o comentário “Ei, aquele não era o Biguá?” mas não consegui ouvir o que responderam, até porque se eu demonstrasse alguma reação me denunciaria e perderia minha recém- adquirida incólumidade.
Aproveitei que estava por ali e segui caminhando, saindo desse bairro, atravessando a avenida e chegando ao bairro onde eu conheci a haline, passei em frente ao condomínio onde ela morava, está mais bonito hoje em dia, recém pintado também, e segui caminhando.
Engraçado, não sei se é porque recentemente eu li de novo Love Hina, mas me veio na hora que estava por lá uma analogia interessante;
Eu e minha menina da promessa acabamos por não nos interessarmos mais por nossas contrapartes adultas tanto quanto nos interessávamos na infância e eu acabei ficando com uma moça que é um misto de todas as características que eu adorei nas outras personagens, a inteligência da kaolla, A kawaiisse ( licensa poética para a palavra inventada ) da Shinobu e da Mutsumi, a firmeza de caráter e a força da Motoko, o companherismo da Kitsune e a devoção da Kanako e, é claro, todo o amor de todas as outras somadas, Well. .... creio que no fim acabei saindo ganhando, como nunca ganhei em toda essa caminhada.
E segui andando até a Lan House de um amigo, uma vez lá notei que o abismo entre nós aumenta, ele se exaure cada vez mais, e eu me sinto cada vez mais longe.
Um homem vive de acordo com as escolhas que faz, até aqui nada de novo, mas o pior problema não é não conhecer a origem do mal, e sim conhecer mas não ter coragem para expurgá-lo.
Nossa, me sinto poético, será a melancolia e a depressão? Bem provável afinal meus escritores prediletos partilhavam disso e em sua maioria morreram jovem por causas não naturais.
Bom, winamp começou o complô, tocando layla , antes que ele comece a apelar vou finalizar isso e deitar. Quem sabe no silencio da noite eu consiga encontrar uma solução plausível e lógica.
Ok ok.. só plausível já serve.
